Lisboa uma cidade maravilhosa, com paisagens fantásticas, monumentos majestosos e sítios para descobrir belíssimos, Lisboa que compreende o cenário fresco e romântico de Sintra, a tradição e a história da Baixa Pombalina, o pulmão que é Monsanto, uma zona oriental reformulada com uma modernidade digna de um país muito desenvolvido é, infelizmente, a mesma Lisboa que quando o sol " adormece " entra num sono profundo e esquece-se de todas estas potencialidades que têm dando lugar a uma promiscuidade, violência e prostituição directa ou indirecta, configurada através de muitos espaços nocturnos, que hoje, prestam um serviço ao mal, ao pecado, à quebra de valores ( Ainda que não possamos generalizar ) .
Tenho falado (aproveitando esta quadra, onde temos mais tempo para estarmos junto dos nossos e dialogar sobre todos os tipos de assuntos) sobre esta temática, e explicado o meu ponto de vista acerca da vergonha que cada vez mais é a noite Lisboeta, visão, que final e felizmente começa a ser fundamentada através de documentários e reportagens que versam sobre esta matéria.
Em primeiro lugar, e por uma questão de justiça, não quero de modo algum colocar todas as discotecas no mesmo saco, nem tão pouco o tipo de festa, isto é, existem discotecas onde tudo se passa normalmente e por exemplo se destinam, maioritariamente, a festas de gala, onde o público tende a ser mais seleccionado, o tipo de vestuário é escolhido, e existe uma tabelação de preços indiferenciada, o que conduz a uma menor promiscuidade e a um evitar de uma prostituição indirecta, conceitos que tentarei explicar mais adiante, sendo que por ora, interessa dizer que uma discoteca que exiga os mesmos 10 euros a uma rapariga e a um rapaz, oferecendo o mesmo número de bebidas, não entrará no que eu defino como uma negociata que toca efectivamente as raias da prostituição, ainda que indirecta, permitida e sem convicção de obrigatoriedade.
Nesta fase introdutória, interessa, por último, explicar, que o post não pretende denegrir o nome de qualquer discoteca, deixando toda a margem para o leitor descobrir por si próprio e tomar as suas opcções relacionadas com os sítios que deve ou não deve frequentar. O objecto deste post é apenas explicar alguns pontos de uma teoria pessoal acerca do mundo da noite Lisboeta, procurando apenas colocar o leitor a pensar sobre o assunto, remetendo para a reflexão pessoal a aceitação ou refutação desta tese e posterior opcção das atitudes a serem tomadas.
Entrando, então, de forma específica na teoria que procurarei expor, importa traçar um quadro real do que se passa: Objectivamente e perfeitamente assumido por todos, o objectivo das discotecas passa hoje por obter lucro, exclusivamente lucro, não havendo qualquer preocupação pedagógica. Bom, isto já nós sabemos e até poderá, em limite, ser admitido. O que já não admito é a forma utilizada para a obtenção do lucro : As discotecas baixam os preços das entradas para raparigas, para que estas frequentem determinado local, funcionando estas como isco para os homens irem a esse mesmo local, pagando preços, substancialmente mais caros, quase sempre o dobro da entrada das pessoas do sexo feminino. Ora limitar a condição da mulher a mero isco, reduzindo-lhe por isso o preço da entrada, não é no mínimo promiscuo? Não será isto, ao fim ao cabo, dar-se dinheiro ( No sentido de que se pede menos ) para que estas funcionem como um isco? Bom, mas se ainda restam duvidas de que o "mercado" da noite se assemelha cada vez mais a uma prostituição consentida e voluntária continuemos na dissertação.
Também é conhecido por quem frequenta ou tem conhecimentos de frequentadores destes espaços, que o dinheiro pedido varia ainda consoante o vestuário e o próprio aspecto físico: Hoje todos sabemos que uma mulher que se vista com um decote enorme e uma mini-saia, muito mini, entra muitas vezes de borla no estabelecimento, por vezes até lhe são dadas senhas de bebida, ora já estão a perceber, uma rapariga nestes trajes, bem bebida ( sendo que muitas vezes a ingestão de alcool é feita voluntariamente para no dia seguinte se poderem desculpar das duas ou três relações ocasionais, vulgo, "curtes" da noite anterior") é um claro isco para os rapazes " tentarem a sua sorte ", sendo pedido a estes, normalmente de uma faixa etária superior a das raparigas uma quantidade muito mais avolumada de dinheiro para entrarem no estabelecimento. Ora já vi também raparigas ( Sim porque ainda há muito boa juventude, e muitas boas raparigas e rapazes, creio mesmo que a maioria, ainda que, infelizmente cada vez "menos maior") que indo vestidas de forma absolutamente normal, com umas jeans e uma t-shirt larga por exemplo, que não se produzam em demasia e não revelem descaradamente os seus atributos físicos, ou não tenham uma beleza exterior tão grande sejam obrigadas a pagar mais, ou a não entrarem de borla, isto, porque não são um isco tão apetecível ou como não entrarão, em princípio, em relações ocasionais, não difundem o " nome " da Discoteca, isto porque hoje, infelizmente, os homens vão tanto mais a uma discoteca quando mais " abordelada" ela seja, todos sabemos de pelo menos duas discotecas que enxem todas as noites e sabemos o que se passa lá dentro ( Não acho que deva citar os nomes das mesmas, pois como referi inicalmente não quero difamar o nome de qualquer discoteca, até porque desejo, remeter o leitor para uma apreciação pessoal, comprovada, porventura, pela experiência pessoal ) . Ora, sintetizando o que se passa aqui? Temos raparigas que são pagas ( Mais uma vez no sentido de pagarem muito menos ou não pagarem nada) por mostrarem os seus atributos e se envolverem com homens que pagam por este serviço prestado pela discoteca. Mais específico ainda, ainda que possa ser mais frio e caústico, mas para evitar o desprezo pela realidade nua e crua, o que presenciamos não é mais que o pagamento a uma rapariga para que ela mostre os seus atributos a um rapaz que paga mais para os ver. Isto creio que tem um nome.
É absolutamente arrepiante esta destinção de preço entre os seres humanos, pegando, por exemplo, na teoria Kantiana, que julgo que ser bem aceite por todos de que " o homem tem dignidade e a coisa tem um preço " creio que temos aqui uma ordem de valores invertida, pelo menos no sentido, de que aqui o homem tem um preço e esse preço varia conforme ideais físicos ou mais ou menos peças de roupa.
Mais duas situações, que se afastando um pouco da teoria, que expûs sobre a ligação dos conceitos de uma espécie de prostituição e da noite em Lisboa, me deixam absolutamente preocupado. As pessoas saiem à noite, cada vez mais cedo e bebem cada vez mais. Estas duas realidades juntas são uma mistura, perfeitamente, explosiva que rebenta com qualquer escala de valores que uma juventude prospera intelectualmente possa almejar. Assim sendo, podemos assistir ao triste espectáculo , comprovado, numa reportagem já aqui referida numa outra ocasião, de termos jovens de 14,13,12, 11 anos até, completamente embriagados a terem comportamentos de risco, tudo isto, perante uma aparente serenidade por parte de quem pode inverter a situação, o governo num plano mais amplo, as famílias num domínio mais particular.
Por último, referir uma vez mais, que tenho a certeza que existe muito boa juventude, e que sei que essa juventude projectará Portugal e o encaminhará pelos bons desígnios, pelo que apelo a uma preocupação de todos a este nível e para que todos pensem sobre isto. É urgente mudar o estado de coisas, sob pena, de a " moeda fraca " expulsar a "moeda boa", para utilizar uma expressão bem conhecida aqui, perigosamente invertida.