08 fevereiro, 2007

Era uma vez...

...um menino muito birrento, muito chantagista. Esse menino cresceu, cresceu, e depois de uns debates televisivos com um político mediático na televisão e de umas artimanhas presidenciais, chegou a Primeiro Ministro de Portugal. A certa altura, depois de ter aumentado os impostos contra o que tinha dito, depois de ter retirado as scut's quando disse que não tirava, depois do seu ministro das finanças se demitir, depois do ministro da economia ter dado Portugal como exemplo, de um país que aposta em baixos salários, decidiu fazer um referendo. E fez esse referendo. Só que como era muito ardiloso, fez uma pergunta que não era verdadeira, querendo que os portugueses votem a despenalização quando o que está em causa é a liberalização. Só que, os movimentos do não " toparam a jogada " e propuseram a despenalização. O " menino " que agora é engenheiro e primeiro-ministro, chateado pela " mentirinha" estar de dia para dia mais a descoberto ( Todos os dias as intenções de voto no não sobem, o que me faz, afirmar, que se o referendo fosse daqui a um mês, o não ganharia de certeza ) fez uma chantagem. Amuou, e disse: "Ou os portugueses votam sim, ou eu não mudo a lei! Toma! Toma! ". Ora, o sr.engenheiro como estava enervado resolveu levar a chantagem ao máximo, pelo que hoje, quando saía da minha faculdade, com que me deparo eu? Um outdoor gigante ( com fundos unicamente do Partido Socialista, claro ) que dizia o seguinte: " SEM O SIM NÃO HÁ SOLUÇÃO". Fiquei absolutamente chocado e preocupado.

Caro leitor, retractei, esta situação, como se de uma história infantil se tratasse. Mas é muito, muito grave. Já rebati e debati todos os argumentos sobre o aborto. Felizmente cada vez mais pessoas perceberam que votar sim é passar um cheque em branco, é permitir o aborto a pedido, e liberalizar uma práctica que não deve ser banal. Ainda hoje, me dizia um colega, que até estava tentado a votar Sim, mas que afirmou : "Se o Sim, ganhar, este será o ponto ultimo, nada mais há a fazer. A vitória do Não, obriga à alteração das condições estruturais, por isso já estou balanceado". Não posso deixar de concordar. Como disse já debati todas as questões sobre o aborto. Falei ainda da pergunta que vai a referendo, da sua inconstitucionalidade e do seu conteudo mentiroso. Mas o que retractei, em jeito de "historinha", é algo muito grave. É a terceira figura nacional, o primeiro-ministro de Portugal, a fazer chantagem, dissendo, que a despenalização não interessa nada, o que interessa é ganhar o sim ( pelas razões que também ja enunciei em post's anteriores) . É quanto a mim gravíssimo, fazer chantagem com o povo. Ou votam sim, ou não despenalizo. Este tique tirânico, deixa-me muitíssimo preocupado, e sinceramente, considero que o primeiro-ministro deveria vir a publico explicar-se e pedir desculpas aos Portugueses.

Sobre o referendo admito que quem considere que o valor opcção da mulher deve prevalecer sempre, que se deve poder abortar sem restricções, sem necessidade de se justificar, as vezes que se quiser, pela razão que se queira, e sem atender a mais nada, deve votar sim. Todos os outros considero que devem votar Não.

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Birrinha? Mas qual birrinha? Para mim, aquilo que queres chamar de birrinha tem um único nome: POLÍTICA PORTUGUESA.

É simples meu caro Tiago. Se eu tenho 51% das acções de uma empresa, faço o que quero, como quero, quando quero e onde quero. Este é o retracto exacto da "Birrinha" que falaste.

Mas esta "Birrinha" foi feito pelo Sócrates, foi feita pelo Durão Barroso, e por outros que se seguirão.

Se te deres ao trabalho de fazeres uma análise cuidada da história da democracia portuguesa, consegues perceber rapidamente, que essa mesma história foi feita de "Birrinhas" e "Birrentos" que se apoderam de uma maioria para fazer aquilo que querem.

Diga-me lá caro tiago, cores políticas À parte, se o senhore "Birrinha" não acaba por ter razão: Se os portugueses votarem não, é porque querem manter a lei como está! Logo não deverá alterada posteriormente".

No fundo, o "Birrinhas" do momento acaba por ter razão. Porém, não duvido que daqui a uns anos (aposto em 4), lá teremos de gramar com outro referendo sobre o mesmo tema...

Nessa altura, teremos outro "Birrinhas", com outra opinião, a fazer outra "BIRRA"

6:51 da tarde  
Blogger Padeira de Aljubarrota said...

"SEM O SIM NÃO HÁ SOLUÇÃO", até mete medo! Porém, o texto foca tudo o que considero essencial (a reter a parte final em tom de conclusão. Muito bom), pelo que não me alongarei sobre o assunto. Elaborei este comentário, e Tiago perdoa-me a ousadia, em resposta ao comentador peter.

peter,

Não concordo que o que o Tiago chama de "birrinha" tenha o nome de "política portuguesa". Mas seja, admitamos que o que eu e o Tiago encaramos como uma birra não é mais do que o que se pratica recorrentemente na política em Portugal. Deixará por isso de estar errado? Por outros terem feito mal, este tem desculpa? Os erros do Primeiro Ministro de hoje são atenuados pelos erros dos que lhe antecederem e por aquilo que espera dos vindouros? Não me parece razoável.

Mais, tendo 51% das acções de uma empresa, não se tomam todas as decisões que se querem, como se querem, quando se querem, porque se querem. Nem com 99% das acções. Tem-se, isso sim, mais poder de decisão do que qualquer um dos restantes accionistas. De qualquer forma, não se trata de uma empresa. Trata-se de um país, das vidas dos cidadãos e futuros cidadãos do país e do líder eleito por uma confiança do eleitorado (a maioria desse eleitorado) em que seria quem melhor representaria os interesses de quem representa. José Sócrates não adquiriu poder, foi-lhe confiado o poder de decidir pelos portugueses em determinadas matérias, na defesa dos seus superiores interesses. Quando este não cumpre os desígnios para que foi eleito, é distituido pelo Presidente. Se assim não fosse o anterior Presidente da República não poderia ter distiduído Pedro Santana Lopes. Pura e simplesmente não se retiram as acções de uma empresa ao seu titular. A sua comparação foi um pouco descabida, a meu ver.

Não, quem vota NÃO não pretende, obrigatoriamente, que a lei se mantenha! A pergunta referendada não é "Concorda que a lei relativa ao aborto se mantenha exactamente como está?". Quem vota não responde "NÃO concordo com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado", excusado será explicar a diferença. Parte dos que votam NÃO mudariam a lei para a tornar menos liberal; parte manteria a lei tal como está; a esmagadora maioria do não, torná-la-ia menos punidora para as mulheres. É isso que é urgente que se compreenda: O que o NÃO pretende (ou a sua esmagadora maioria) é a efectiva despenalização das mulheres que incorrem na prática do aborto, ao invés da liberalização desta prática e da facilidade concedida em cometer algo que é, aos olhos de todos nós - do SIM e do NÃO - errado e indesejável.

Por útlimo, informá-lo que o mesmo tema, por lei, só pode ser referendado a cada 8 anos e pedir-lhe que deixe esses exrecícios prospectivos para quem esteja, de facto, habilitado a fazê-los.

Cumprimentos.

Mais uma vez parabéns, Tiago, e continuação de um bom trabalho

8:48 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

concordo plenamente ctg e vou passar o link do teu blog para todos os meus contactos... tas la!!!

11:42 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home