11 janeiro, 2007

O sim à força toda!

Ontem, em conversa, com alguns amigos, veio à baila o badalado assunto do referendo sobre a interrupcção voluntária da gravidez. Chamaram-me a atenção para um aspecto, que parece ilustrar uma verdadeira " busca incessante do sim ". Diziam eles, e quanto a mim com toda a razão, que o povo já respondeu diversas vezes, favoravelmente ao Não. Mais, será que daqui a 4 ou 8 anos haverá novo referendo? Será que depois de respostas a favor do Não é legítimo trabalhar-se(muito!!!)politicamente gastar-se( muito !!! ) dinheiro para se tentar implementar o sim? Será que se fará o mesmo para re-implementar o não, se o Sim vier a ganhar? Creio que têm razão sobre o que dizem e chamo a atenção para mais três aspectos acerca desta temática.

  1. Penso que esta questão não pode nem deve ser partidarizada. Muito menos por grandes partidos, que devem ter, sentido de estado e não andar a reboque de questões perfeitamente sectarizadas. Que esta questão possa ser bandeira, quase a única, verdade seja dita, de um partido pequeno como o Bloco de Esquerda, que a própria sobrevivência política deste partido dependa quase exclusivamente deste tema, eu ainda posso aceitar, agora já é inaceitável, quanto a mim, que o partido do governo, o partido que tem a maioria absoluta na assembleia, use este tema tão fracturante da nossa sociedade como bandeira política e erga grandes outdoors publicitários. Acho lamentável. Independentemente da área política a que sejamos mais afectos, teremos que convir que o único partido que se demarcou desta questão, que deu total liberdade, teorica e prática, para os seus militantes escolherem de livre consciência e que separou a questão política da questão moral foi o Partido Social Democrata.
  2. Lamentável ainda, seja o dinheiro gasto com este referendo. Cerca de 10 milhões de euros. Numa altura em que se fala de apertar o sinto e de rigor nas finanças, creio que esta é uma despesa a ser tido em consideração. Mas enfim, é mais um entretêm para que alguns possam continuar a fazer o que lhes apetece. Como cita um amigo meu " Enquanto existir pão e circo tudo estará bem ".
  3. Por último, gostava apenas de chamar a atenção para uma situação factual, objectiva: Algo que designo como a Teoria da Abstenção. É que se, por acaso, os adeptos do não se organizassem conjuntamente e decidissem em bloco não ir as eleições teriamos uma abstenção de mais de 70%, pelo que o referendo não teria valor jurídico, e continuariamos com a actual lei. Não seria desejável que isso acontecesse, considero o voto mais que um direito, um verdadeiro dever cívico. Mas penso que esta situação, realça bem que a maioria do País não quer a despenalização total do aborto. Aliás como disse em outro post, os mais idosos, os que habitam nas zonas mais rurais, tem muito mais dificuldade em exercer o seu direito ( e dever ) de voto, e como sabemos essas pessoas votam objectivamente no Não. Pelo contrário os mais jovens e habitantes nos grandes centros urbanos com mais facilidade em mobilizarem-se votam tendencialmente sim. Também por aqui o resultado está desvirtuado.

Uma nota final para salientar, que para o bem e para o mal, os bons argumentos do Não e os argumentos do Sim, quase que se ofuscam perante estas situações exogenas. O essencial é suprimido pelo acessório e a verdadeira questão ética, moral e, na minha opinião, que já foi expressa noutra ocasião, a questão também sociologica é diminuida pelo domínio do aparente.

P.S- Um agradecimento, a outro nível, por termos ( eu e o caro leitor) alcandado um record de visitantes por dia, em dias sem publicação de post's. Mostra que existe um público regular. Leitores leais sempre à espera de mais um comentário ou dissertação. A eles um muito obrigado.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Apertar o Cinto e nao o Sinto(verb sentr)!ker dizer k pra ti e pos teus amigs o referendo e perda d tempo e dinheiro...pensei k tivexem mais me konta as opinioes difrnts..la pk n ultim refernd o resultd ter sido este n kero dizer k n dia 11 as koisas nao mudem...n t xkeças k ha sp gent a recensear-se,ha sp gent a mudar,ha sp opinioes difrnts...n e justo k por opinioes passds,as presnts mulhrs n tenham direito a lutr d novo pl despenalzçao...axo k pensas mt em factores materias,finanças,estatistikas..etc etc...agr imaginate por exmpl km 18 anos,a meio dum kurso d arkitectura e km um filho nos braços e sem apoio d ng...eu fiz um aborto,admito k fiz...e por kausa d lei actual fui forçada a ir fazelo a xpanha(e dar€a outro pais)..a gravidz akontceu pk tnh um problm d saude k m impossblt d tomar a pilula(e este medikmnt tm diversas kontra indicacoes...n resolvendo tds os problms ou riskos duma relaxao sexual),o preservtv tava xtragado e puff...um bebe!acusasme d irrespnsbldd?n podes...a pilula d dia segnt tava fora d kestao pk so mt dpx descobrimos k algo tinha korrido mal nakela relaxao..afinl parece k a pergunt k mandas o leitor auto-kolokar tem outras resposts....klaro k voto sim,sim pl vontd d mulher...e sim,os contraceptvs podm falhar,axim n ha responsbldd...ha azar..:S
kontud respet tds akels k votam nao...e o meu dever resptr...bjs e kontinua,gstei d teu blogue*

5:29 da tarde  
Blogger Tiago Mendonça said...

Cara Arki_1983,

Duas questões: Primeiro a questão relacionada com a existência de um novo referendo. Todos os anos há pessoas novas a recensearem-se, outras que, infelizmente, já não poderão votar porque falecem. Isso é normal, mas ao mínimo de continuidade. Se assim não fosse teriamos que ter eleições todos os meses. Mas não iria tanto, à questão de se fazer ou não um novo referendo, mas lanço a pergunta : Se o Sim, vencer, haverá novo referendo? Ou aí, a questão de existirem novas pessoas a recensearem-se não se coloca, pois atingiu-se, na mente de algumas mentes iluminadas, o paradigma da perfeição?

Quanto ao caso pessoal que expôs, uma palavra de apreço e admiração por expor assim um caso tão privado. Aprecio a coragem. Contudo, queria afirmar duas coisas. A possibilidade de um problema de saude impeditivo de tomar a pilula, de o preservativo rebentar ( sem se perceber- algo que não percebo, uma vez que no fim da relação sexual creio eu ser bem vísivel se existiu rebentamento ou não, até porque, a meu ver, se deve examinar o preservativo, deve existir essa responsabilidade para evitar essas situações) e de não se tomar a pilula do dia seguinte são bastante diminutas. Em todo o caso, tendo esse problema, o nivel de responsabilidade que deve ter, nomeadamente em conferir o estado do preservativo no pós-relação sexual, deve ser redobrado. De qualquer forma, não podemos liberalizar o aborto em todas as situações. A lei é perigosa, o que devia ser exepcional passa a ser banal. Mais uma vez, um muito obrigado pelo seu testemunho.

1:31 da tarde  

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