24 outubro, 2006

Menu: Incoerência com todos

Este post, vai tocar, no já badalado assunto da interrupção voluntária da gravidez, mas sob o prisma da incoerência de quase todos os intervenientes neste processo. Vamos por partes :

  1. Os defensores da despenalização do aborto, criticam os que defendem que esta prática deve ser penalizada, alegando, que estes defendem o Não mas quando se deparam com uma situação que envolva esta problemática, na sua própria família, praticam ou incitam a praticar o aborto. Bom, até posso aceitar, mas continuemos.
  2. A igreja católica veio disser que quem é católico deve votar Não. Ora as estatísticas, dizem que cerca de 95 por cento das pessoas é católica. Será esse o resultado que o Não vai alcançar? Não me parece, por isso, hà algo não bate certo. Serão as pessoas católicas só para o que lhes convem ? Só para mostrar a vizinha do lado que são pessoas de bem ? Ou será que as pessoas pensam que podem escolher apenas uma parte das directrizes da igreja ( entenda-se as directrizes que lhes dão jeito ) ? Já com o uso de contraceptivos passa-se situação idêntica, se existisse um total rigor pelas directrizes da igreja, não haveria utilização de métodos contraceptivos. Parece-me que por aqui os defensores do Sim e que frequentam a igreja católica também têm inerente uma elevada carga de hipocrisia.
  3. A incoerência governativa. Num momento da história do nosso país, em que tanto se fala da falência do modelo " Pay as you go ", entenda-se, do modelo de segurança social vigurante no nosso país, afirmando-se que uma das principais causas para essa situação é a anómala pirâmide etária( que revela um envelhecimento populacional preocupante), é no mínimo, estranho que este governo feche maternidades e permita a abertura de clínicas abortivas.

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Tudo bons argumentos... Que nos fazem ver a questão de uma maneira como tu mesmo dizes incoerente!!
Na minha opinião sou contra o aborto. c´Como esta agora legislado, está bem.
O caminho não está em ir "facilitando". As pessoas e principalmente os jovens adultos não têm responsabilidade e maturidade suficiente para poderem ter o aborto como opção e saberem geri-lo decentemente.

10:07 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O mal das pessoas hoje em dia é regerem-se muito pelas opiniões e pelos argumentos dos outros, não têm sentido critico em relação às coisas e estão numa de "maria vai com as outras". Não sabem pensar com a própria cabeça e fixam-se numa ideia, que geralmente vem de influências, e mantêm-se fechadas a quaisquer outras opiniões que possam surgir. E é que quando se deparam com o problema nas suas vidas que tudo muda de figura e aí sim já conseguem ver as coisas de outros modos. Isto é típico mesmo.

Quanto à Igreja Católica e aqueles que a seguem... Já nada é como dantes. A maioria das pessoas dizem que são católicas apenas por dizer, ou porque os tetra tetra avós já foram, ou porque a grande maioria da população portuguesa o é e no fundo não são nada. Nem sequer acreditam em Deus e nunca foram à missa. E aqueles que são católicos praticantes também tem muito que se lhe diga. Mas pronto fico-me por aqui. Como tu dizes e muito bem "têm inerente uma elevada carga de hipocrisia".

11:26 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Este e sem duvida um assunto que tem muito que se lhe diga....
mas se pensarmos que a mulher que poem a hipotese de abortar tem o filho e acaba por deixa lo a sua sorte e que é mais uma criança que vai sofrer no mundo realmente ai komexam a ivendenciar-se outro tipo de argumentos para sermos a favor do aborto actualmnt...mtuh sinceramnte eu sou contra o aborto...acho que as pexoas tem de ter responsabilidade suficiente para penxarem nas coskncias dos seus actos e se nao o fazem depois de estar feituh ha que arcar com as konsequencias e seguir em frente da melhor maneira possivel;)

8:24 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

É um tema muito complexo. A minha opinião mudou, muito devido ao que tenho ouvido, lido e adquirido nas disciplinas de biologia e geologia. Já fui contra a interrupção voluntária da gravidez, mas neste momento não condeno ninguém que o faça. Acho que deve ser o último recurso a fim de evitar uma gravidez indesejada, nunca usada como uma forma banal de interromper um desenvolvimento embrionário.
Não se pense que abortar é uma decisão fácil, pois só quem passa pro isso sabe o que sente. E com certeza nao é qualquer uma que aborta, sabendo que muito provavelmente isso vai deixar um transtorno psicologico para a vida.
Tomemos o caso das mães adolescentes por exemplo, que engravidam sem saberem, e que ao se aperceberem, sentem que não desejam ter um filho, pois ou nao estao maturamente preparadas, ou sabem que nao podem proporcionar uma vida equlibrada a essa criança.
O estado português, como estado "desleixado" que é, nao pode negar o aborto a alguem que o queira fazer, e que nao tenha condiçoes de criar uma criança num bom ambiente(Essencial no desenvolvimento de uma pessoa equilibrada). O estado não ajuda mães pobres a criar os filhos, e não propicia a criação de um ambiente saudável ao crescimento desse ser humano.
Vou focar no aspecto mais cientifico da questão (já que foi isso que levou a alteraçao da minha opiniao). Dentro dos conhecimentos que tenho, nao considero um embrião como sendo um ser-humano, ou sequer uma pessoa. Um embrião é um cojunto de células em divisão resultantes de uma fecundação, mais ou menos diferenciadas (e penso que nesta diferenciação reside o cerne da questão). São células. Não são as células da pele, que perdemos aos milhões todos os dias. Mas continuam a ser células.
Isto representa a minha opinião, e não é um artigo persuasivo.

Não considero que saiba tudo aquilo que deveria saber para tomar uma posiçao definitiva.

Quem sabe se um dia nao terei outra opinião.

“Eu jamais iria para a fogueira por uma opinião minha, afinal, não tenho certeza alguma. Porém, eu iria pelo direito de ter e mudar de opinião, quantas vezes eu quisesse.” Friedrich Nietzsche

8:16 da tarde  
Blogger Tiago Mendonça said...

Mais do que debate de sim ou não, agradeço a todos os contributos.

Cara Mariana,

Penso que o seu comentário vem ao encontro dos vários posts que tenho publicado sobre esta temática. Um caminho de análise será o da conjuntura. Estarão ou não os portugueses preparados para a responsabilidade de ter o aborto como opcção?

Cara Ana,

Concordo consigo sobre hoje em dia as pessoas não se regerem pelas suas próprias ideias. Infelizmente, vivemos numa Sociedade " Fast " em tudo. E até as suas ideias deixam para os opinion makers construirem.

Cara Marina,

O seu comentário ilustra bem o lado dúbio da questão. O Não tem excelentes razões, o Sim tambem terá bons argumentos. Daí a minha simplificação de análise.

Caro Ricardo,

Sistematizarei a minha resposta em três pontos de análise:

1- Fala do aborto " nunca deve ser usado como forma banal de interromper um desenvolvimento embrionário ", mas será que isso não está em causa? Os dados que dispomos apontam para uma total irresponsabilidade no que respeita a estas matérias.

2- Quanto à questão de abortar ser ou não uma questão fácil. Vosto que tem uma, referida, formação no campo da Biologia e nas questões de ordem genética esclareca-me sobre um ponto, para dismistificarmos esta questão. Com 8 ou 9 semanas o aborto é feito de que forma? Por via de comprimidos, penso eu. Nesse caso existem dados estatísticos que a pilula do dia seguinte é tomada em doses muito acima dos recomendáveis, e nesses momentos pelo evoluir dos números não me parece que exista uma preocupação real com a própria saúde.

3- Exprimir a concordância consigo quando diz que o Estado deve apoiar a criação de crianças, tendo em vista, por exemplo, o aumento da natalidade essencial para o bom funcionamento da nossa sociedade, talvez até para a própria sobrevivência económica da nossa sociedade. Mas neste capítulo, penso que não é com fechos de maternidade e aberturas de clinicas abortivas que se consegue o almejado objectivo.

8:42 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Respondendo às tuas questões, diria que:
1-Não creio que esteja em causa esse recurso a banal à interrupçao da gravidez. Contudo, a minha consciencia diz-me que um recurso sistemático por parte de alguem a essa tecnica nao deve ser permitido. Ainda neste ponto, acho tambem que uma nova politica de contraceptivos era bem vinda, uma vez que me parece plausívela hipotese de que as pessoas ou nao podem comprar, ou nao sabem usar, ou etc...

2-Nao sei como se processa o aborto nessa fase mais avançada no tempo. de qualquer maneira, e para mim, volto a considerar a questão de que nao considero existir uma pessoa nesse estado do desenvolvimento.

3- Concordo com a tua posição. efectivamente, deve ser promovido um aumento sustentado da natalidade. Resta haver dinheiro e outras condiçoes para isso.
Quanto ao fecho das maternidades, concordo com uma centralização dessas áreas, desde que a mudança de equipamento, instalaçoes etc.. seja melhor para mãe e criança. O destino a dar ao dinheiro que se poupa com esta reestruturação só posso achar que deva ser utilizado para a melhoria so sistema nacional de saúde.
(foi também à custa da centralização de certos serviços de saúde, que começou a retoma económica na Irlanda, país a que muitos comentadores recorrem como exemplo para Portual).

Muito mais se podia dicutir, é verdade, mas espero que as diferentes opinioes tenham contribuido para um melhor panorama do que se discute.

12:11 da tarde  
Blogger Ze do Telhado said...

Gostei especialmente do último ponto do seu post.

Cumprimentos

12:25 da manhã  

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